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Queridos leitores,
Criei este blog recentemente para tentar levar a minha escrita mais longe, e de certo modo, sentir-me bem comigo mesma. Espero que gostem e que cada palavra minha seja um brilho no vosso dia.
Peço-vos que não plagiem, porque lembrem-se que as palavras só são belas se forem nossas e sinceras.
Um beijinho. *


Conversa comigo, aqui.
Segue-me. ∞


maio 2012

#1 15/05/2012 @ 11:59


Ela estava sozinha. Ela era só. Ela sentia solidão. Ela vivia num nada que provavelmente teria tudo. Mas que cegueira tão invulgar a poderia fazer sentir tão comum?
Ainda que a água caísse, eram as lágrimas que lhe contornavam o esguio corpo detonado de acumulações geladas de palavras imóveis, quietas, paradas. Limpava o rosto como quem desejaria esperançosamente secar as feridas causadas pela dura e hesitante inquietação da insegurança que com ela carreteava durante o seu caminho, desde do primeiro abrir de olhos até, nas certezas de quem o sente, ao seu ultimo suspiro.
Compulsivamente e numa tentativa solta, tenta aliviar a alma. De quê? Para quê? Porquê? De nada, para nada, por nada.

A água deixa de ter o efeito inicial e ela afasta-se… de tudo menos da dor. Precisa dela como quem precisa, não daquilo ou aquilo, mas disto. O normal é as pessoas sentirem a necessidade de respirar em que por vezes, nem a isso dão valor. Porem, normalidade era algo que não fazia parte do sorriso fingido dela. Era a dor que alimentava o jeito de ser perdido e abandonado que suplicava por recuperar o fôlego que nunca vinha, para repor nas veias o que não tinha…vida.

A toalha finge abraça-la e aquece-la, como se ela não soubesse que o mundo está submerso de coisas alheias à felicidade pura, de que já ouviu falar. Pureza? Claridade? Simplicidade? São isto, palavras ou … palavras?
Absorveu as últimas gotas que se agarraram ao seu corpo, tal como o desespero se apoderou de tudo o que lhe pertencia, contudo, nada pode matar tal dor, tal aflição.
Olhou-se ao espelho. Fixou o olhar nos seus olhos e aí, deixou cair a toalha pelo corpo até que esta o exibisse à sua frente. Questionou-se inúmeras vezes de quem seria aquele corpo, tão limpo e tão sujo, tão simples e tão constrangido, tão seu e tão morto. A sua cabeça caiu num dos seus ombros e seguidamente no outro.

Era só ela e a dor, como o habitual. Não tinha ninguém, mesmo que tivesse o mundo aos seus pés. Por dentro, tudo estremece. O seu pensamento foca-se nos porquês do destino e no desvaneio das possibilidades que ela escrevera em si e na vida dos que tinha a seu lado. As palavras que poderiam sair e aliviar a mágoa, nunca saíram. Ainda que o sentimento seja inexplicavelmente desconhecido, ela reconhecia que ninguém seria capaz de entender os traços rasgados, rompidos do coração pesado e aflito que trazia dentro de si. Era inútil.
Ela gritava mas ninguém a ouvira. Apenas o silêncio permanecera entre aquele corpo e o dito espelho que parecia ser o único que a conseguia ver como ela estava por dentro. Mas ela sabia... que até ele, podia ser partido.
Ela sentia-se sozinha. Ela procurou alguém que a visse como ela desejaria. Ela precisava de alguém que soubesse como acalmar todo este terror que ela suportava. Ela procurou e fracassou. E agora, ela não está só. Ela ainda tem a dor, que apesar de tudo, é a única coisa que ela não sente a fugir da sua vida… a única. 


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